Nunca foi um espaço grande, mas existia: até a década de 90, ao construir prédios de apartamentos para famílias, as incorporadoras incluíam a dependência de empregada rotineiramente nos projetos. Em pouco mais de dez anos, tudo mudou. O quarto e o banheiro para uso da doméstica que costumava dormir no local do trabalho estão desaparecendo junto com a própria categoria de emprego.
A dependência de empregada está restrita a empreendimentos de luxo ou alto padrão – são apartamentos com preços acima de R$ 900 mil e mais de 170 metros quadrados privados.
Além das mudanças no mercado de trabalho brasileiro, reconhecidas pela recente PEC das Domésticas, outra razão fez o “quartinho” sair de cena: o preço, qualquer espaço a mais pesa no bolso do comprador. Não à toa, a metragem média dos apartamentos vêm diminuindo na última década. O mercado, atualmente, tem oferta maior de unidades com dois dormitórios do que o tradicional formato com três quartos.
Quem mora em apartamentos mais antigos aproveita o espaço da melhor forma possível, na maioria das vezes o local destinado à empregada nunca foi usado para esse fim. Transformar o quartinho em escritório, criando um espaço bom e agradável é uma opção.
São as mudanças de hábitos das famílias brasileiras. Quem já teve empregada doméstica, hoje contrata somente uma faxineira. Só famílias abastadas mantém empregada doméstica e fazem questão de ter um ambiente para elas no imóvel. A classe média brasileira mudou de perfil e hábitos, por isso o mercado imobiliário está estratificado. Há nichos específicos de imóveis e projetos para determinadas faixas de renda.
O percentual de trabalhadoras que dormem no emprego se reduz, mas há famílias que não abrem mão do espaço destinado a elas no apartamento. As pessoas mantém o hábito de oferecer um local privado para a doméstica deixar suas coisas e trocar de roupa. Por isso, em imóveis de alto padrão sem dependência de empregada, o banheiro de serviço é item indispensável nos projetos.
fonte: Gazeta do Povo